Há quem prefira ler em papel, mesmo não sabendo bem porquê. Agora, um estudo da Universidade de Valência, em Espanha, pode ajudar a justificar: os investigadores chegaram à conclusão de que existe uma “superioridade do papel” – quando se lê em papel, a compreensão do que é lido é maior, ao contrário do que acontece quando o mesmo conteúdo informativo é lido em ecrãs. E, para surpresa dos cientistas, isto é sobretudo flagrante em crianças, o que exige uma reflexão política sobre os métodos de ensino que devem ser utilizados nas salas de aulas.

O resultado nestas camadas jovens surpreendeu os cientistas: “Não é por as crianças e jovens estarem mais habituadas aos ecrãs que a compreensão é maior — é precisamente o contrário”, alerta o investigador Ladislao Salmerón, um dos autores do estudo. Ao PÚBLICO, ​Salmerón explica que uma das hipóteses para justificar que a compreensão digital seja menor em crianças é a “associação destes dispositivos a interacções curtas e recompensas imediatas”. Isto, por sua vez, torna difícil que os jovens se consigam concentrar na leitura, por não se “desligarem” daquilo que esperam quando estão diante de um ecrã. “Precisamos de estar calmos, concentrados. É altamente incompatível com o uso actual que fazemos da tecnologia”, diz.

Para chegar a estes resultados, foram analisadas as respostas de mais de 171 mil participantes, “uma amostra generalizada e com uma grande variedade de idades, das crianças aos idosos”. Cada participante leu individualmente, em silêncio, na língua que usa no dia-a-dia. Na análise foram só usados estudos que tinham por base textos simples e lineares, tanto no papel como na parte digital (evitando links ou animações que privilegiariam este formato).

 

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